Há uma empresa que está a divulgar a arquitetura do Porto através de vídeos que querem chegar a novos públicos. Uma forma "leve e divertida" de explorar o potencial turístico desta área.
Tudo começou quando Sara Nunes, arquiteta, recebeu uma tarefa diferente quando trabalhava em Madrid. Teve que criar e editar um vídeo sobre uma exposição. Desde então, nunca mais parou e descobriu nas imagens em movimento uma paixão. Resolveu regressar a Portugal e criar o seu próprio negócio. A Building Pictures, fundada em 2014, é a única empresa do país especializada em vídeos de arquitetura.
Como tem sido o percurso da Building Pictures?
Sara Nunes: Tem corrido bastante bem, melhor do que o esperado. Não existe nenhuma empresa em Portugal que se dedique exclusivamente ao vídeo de arquitetura. Existem empresas que se dedicam à fotografia e, eventualmente, fazem vídeo. E o mesmo se passa lá fora. Também temos um diferencial, já que não acompanhamos apenas o projeto quando ele está terminado, acompanhamos também o processo construtivo. Além disso, fazemos vídeos sobre eventos, vídeos corporativos e publicidade para televisão.
Sara regressou a Portugal para apostar numa ideia
Quais têm sido as principais dificuldades?
Sara Nunes: É sempre difícil estabelecer contactos. Faz-se propostas e negoceia-se durante imenso tempo. Não tinha a percepção de que alguns projetos demoram tanto tempo a avançar. A maior dificuldade que sinto é no contacto com os clientes. Tens quase de bater porta a porta. Apesar de que muitos dos projetos que fomos desenvolvendo nos deram divulgação e nos permitiram chegar a mais clientes.
Um destes projetos é a Arquitetura à Moda do Porto, que está agora a ser divulgado no site ArchDaily, um dos mais conceituados da área. Como surgiu esta ideia?
Sara Nunes: Surgiu pelo convite de dois grandes amigos para fazermos um documentário sobre a arquitetura da cidade do Porto, já que não havia nenhum. Mas logo comecei a perceber que iria ser um processo complicado, iríamos precisar de muitos apoios e, por ser um projeto paralelo, iria demorar muito tempo a ficar pronto.
Passado um ano, cheguei à conclusão: ou desistimos agora, ou fazemos um formato completamente diferente. Porque não aproveitar a facilidade de divulgar projetos na web e lançarmos uma série de vídeos, todos os meses. Em vez de contarmos só uma história, podemos contar várias histórias.
Acabaram por fazer dez episódios sobre várias temáticas e com 30 obras. Como tem sido a divulgação do projeto?
Sara Nunes: A nossa ideia inicial era fazer alguns episódios e tentarmos vender o resto. Não conseguimos a venda e decidimos, então, começar a divulgar o projeto através de uma série de parcerias. A primeira foi com o Turismo do Porto e Norte de Portugal, que passa os nossos episódios em todos os postos de turismo. Depois, conseguimos uma parceria com o CT Channel, um canal dedicado à arquitetura, que também passou os nossos episódios.
Como temos vontade de fazer esta série noutras cidades da Europa, resolvemos apostar numa divulgação mais internacional. Aí surgiu o contacto com a ArchDaily. Eles adoraram a ideia e todas as quintas-feiras passam os episódios nas suas plataformas. É uma forma de credibilizar o nosso trabalho. Curiosamente, depois deste reconhecimento internacional, veio mais algum reconhecimento nacional.
O episódio 10 da série
O Porto é uma cidade de grandes arquitetos e tem um património arquitetónico muito rico. Este ainda é um setor pouco explorado?
Sara Nunes: Há um tipo de turista que vem ao Porto só para ver a arquitetura. Mas, antes do nosso projeto, não havia nenhuma promoção da arquitetura do Porto. O Porto é vinho, é cidade histórica e o máximo que se promove, a nível da arquitetura, é a Casa da Música e Serralves.
É um setor pouco explorado, mas é também culpa dos arquitetos. Porque a comunicação que se faz é direcionada para um público muito especializado. Quem não percebe nada de arquitetura acaba por não entender e não achar interessante. A aposta nestes vídeos com um carácter mais leve e mais divertido acaba por chamar a atenção de outro tipo de público.
Estão incubados no Polo das Indústrias Criativas do UPTEC. Quais são as vantagens de estarem numa incubadora de start-ups?
Sara Nunes: Não estamos sozinhos, temos vizinhos que podem ser clientes, parceiros e colaboradores. Temos aqui um ambiente que nos permite desenvolver uma série de trabalhos e projetos. Há também uma grande quantidade de saberes e contactos, aliados à formação e à divulgação. Estas componentes fazem a diferença.
Quem passar pela área envolvente da Estação de São Bento vai deparar-se com uma malha metálica que envolve uma ruína esquecida. A Metamorfose é obra de um projeto de dois arquitetos “artistas” que têm ajudado o Porto a ser uma cidade mais provocadora e colorida.
Filipa Almeida e Hugo Reis dão corpo (e alma) à FAHR. A ideia surgiu quando os dois arquitetos regressaram da Alemanha com o desejo de investirem num projeto próprio que fosse o somatório de várias experiências e formações profissionais.
Hugo e Filipa no atelier da FAHR.
Começaram por criar esculturas em cabelos, construíram um pórtico com 50 mil garrafas, transformaram o São João numa festa de espelhos e numa estante de manjericos. São provocadores por excelência e querem continuar a surpreender, em Portugal mas também lá fora. Sempre a “estimular ambientes e a construir emoções” – a frase que usam para caracterizar a essência do projeto.
Como tem sido o vosso percurso, desde que tiveram a ideia para o projeto até à criação de uma start-up?
Hugo Reis: Temos tido um crescimento inesperado, mas no sentido positivo. Nós vínhamos com uma visão de trabalho de Berlim que depois não funcionou e tivemos que readaptar à realidade portuguesa. Mas, a partir do momento que percebemos qual era o nosso mercado e o campo onde queríamos trabalhar criativamente, as coisas começaram a fazer sentido. Foi nessa altura, início de 2014, que fizemos o programa de aceleração do UPTEC e candidatamo-nos a uma incubação dentro do Polo das Indústrias Criativas. Neste período, recebemos uma visão de negócio, de gestão e de empreendedorismo que nos ajudou a apontar a melhor as nossas baterias. Desde então, as coisas têm vindo a correr cada vez melhor. Temos já uma pessoa a trabalhar na parte de gestão da empresa, enquanto nós trabalhamos mais a parte criativa.
O vosso trabalho ganhou no início do ano muita visibilidade com a instalação Metamorfose, parte do projeto cultural Locomotiva. Como surgiu esta colaboração?
HR: Neste percurso de pró-atividade, a Porto Lazer foi um dos contactos que decidimos estabelecer e surgiu uma primeira oportunidade de trabalho, com as Flores de Manjerico, na Rua das Flores. As coisas correram muito bem e o trabalho teve um impacto muito interessante. Entretanto, surgiu o convite para este projeto, que hoje se chama Locomotiva, onde nos foi pedida uma proposta.
Filipa Almeida: Decidimos pegar no tema dos espaços em ruína, já que existem vários no Porto e que achamos que não devem ser só espaços esquecidos e decadentes. Fomos então desafiados a fazer uma primeira proposta para a ruína Oliva, ali na Estação de São Bento. É uma ruína com bastante história, porque é consequência de um rasgo no quarteirão, nos meados do século passado, para se fazer um acesso mais direto à Ponte D. Luís. Dali surgiu aquele vazio, quase como um corpo esventrado, acabando por ficar um espaço descaracterizado, mas que já faz parte do Porto. Daí surge a Metamorfose que é a combinação da ruína com a escarpa de granito que está ao lado. A ideia foi coser as duas coisas com uma malha digital, sem esconder o que está por trás.
Vista geral da Metamorfose. Foto: FAHR
Qual tem sido o feedback das pessoas ao trabalho?
FA: O trabalho tem tido um resultado impressionante. Desde as pessoas que trabalharam connosco, que estão contentes e surpreendidas com o resultado, até mensagens privadas que temos recebido de pessoas a dar-nos um enorme obrigado porque estamos a dar dignidade aquele espaço.
HR: Acho que as pessoas ficam surpreendidas. Primeiro, por se intervir naquele espaço que já não era intervencionado há imenso tempo e depois por fazermos uma coisa tão estranha e tão pouco vista na nossa cidade, que é a trabalhar a irregularidade, explorar a forma e fazer ali uma rutura.
A parte de engenheria foi feita pela NCREP e a iluminação por Zé Nuno Sampaio.
Fotos: FAHR
O facto de esta ser uma estrutura temporária, fica em exposição até junho, vai de encontro com o vosso trabalho criativo?
HR: A temporalidade permite-nos a disrupção. Permite-nos ir mais longe na experiência e na forma como encaramos um projeto. Se é temporário, podemos realmente fazer algo que provoque ou choque. Já que vai durar um período curto de tempo, tem que ser muito atrativo. O lado efémero e temporário permite correr mais riscos. A permanência exige outros cuidados para os quais também estamos preparados.
Quais têm sido os pontos altos do vosso percurso?
HR: O nosso primeiro projeto o Hairchitecture, um misto de brincadeira e loucura, com muito profissionalismo à mistura. Depois, a Estrutura de São João, em Guimarães, com balões espelhados em que retratamos a festa de uma forma diferente. O Glassberg, na Figueira da Foz, onde construímos duas grandes paredes com o recurso a 50 mil garrafas. A seguir, as Flores de Manjerico, no Porto, que teve um impacto urbano muito forte. Entretanto, surge a Metamorfose que é o projeto do momento. Nos próximos tempos, esperam-se mais intervenções da FAHR, mas nós não pretendemos a grandiosidade, pretendemos a qualidade e a surpresa. Acho que é isso que as pessoas precisam neste momento, serem surpreendidas e provocadas de alguma maneira.
O vosso trabalho tem dado frutos, até por existirem em Portugal poucos projetos deste género. Ainda há espaço no mercado para mais projetos como o vosso?
HR: Há espaço para toda a gente, até porque uma empresa não se pode concentrar só no Porto ou só em Portugal. A nossa ideia é começar a expandir e a internacionalizar. Venham mais projetos que ajudem a valorizar a nossa atividade e o nosso tipo de intervenção. Faz todo o sentido, desde que não se estrague o mercado ou não comecem a surgir banalizações e repetições.
A falta de tempo e de imaginação são muitas vezes as culpadas por não se fazer refeições mais saudáveis. O pouco conhecimento e o preço elevado de alguns produtos também acabam por afastar-nos de um objetivo tão desejado mas nem sempre realizado.
No Porto, há um projeto que juntou todos estes ingredientes numa nova receita: uma empresa de comida saudável e inteligente ao domicílio. A Ilovemi – My Intelligent Food surgiu em novembro pela vontade de duas nutricionistas, Ana Cunha e Ana Terra.
Ana Cunha e Ana Terra. Foto: FCNAUP
“A verdade é que nos dias de hoje não é fácil ser saudável. Estamos constantemente a ser confrontados com alimentos processados muito apelativos sensorialmente, porém muito nefastos para a saúde. E é justamente por existir pouca oferta de comida saudável no mercado, que nós existimos”, afirma Ana Terra.
A empresa acompanha o cliente desde o planeamento nutricional até à confeção e entrega da refeição em casa ou no trabalho. Existem três planos orientados para diferentes objetivos (manutenção, emagrecimento e rejuvenescimento). Para cada plano, foram pensadas mais de 100 receitas saudáveis e ajustadas às necessidades nutricionais de cada pessoa.
Nos “menus” estão presentes: “cereais unicamente integrais, muitos legumes e vegetais frescos, leguminosas, proteínas de alto valor biológico, frutos secos e sementes”. “Trabalhamos muito nas fichas técnicas para chegarmos a um equilíbrio de macronutrientes, assim como um balanço positivo de nutrientes no final da semana”, explica Ana Terra, que está no 4º ano Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).
A Ilovemi opera nas cidades do Porto, Maia, Matosinhos e Vila Nova de Gaia, mas promete chegar em breve até Lisboa e a outras áreas do país. O balanço dos primeiros três meses de funcionamento é positivo: “para já as perspetivas são boas e estamos muito motivadas, resultado da crescente aceitação e feedback positivo. Estamos a trabalhar para criar uma empresa sustentável”.
As ementas para almoço e jantar podem ser encomendadas por telefone ou internet. O preço da ementa individual (refeição e infusão) começa nos 6.90 euros, a que acresce uma taxa de entrega de 1.50 euros. Se for para mais de uma pessoa, a entrega é gratuita.
Fonte: Universidade do Porto
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