Até 15 de outubro decorrem as candidaturas à segunda edição do Prémio de Inovação e Empreendedorismo que vai atribuir aos vencedores um financiamento de 50 mil euros, bem como formação e consultoria de gestão.
Podem concorrer projetos ligados à biotecnologia e às ciências da vida, bem como ideias com aplicação empresarial que contribuam para a competitividade da região.
O prémio é uma iniciativa promovida numa parceria entre o Biocant - Associação de Transferência de Tecnologia, a AD ELO – Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego e o Crédito Agrícola de Cantanhede e Mira.
Acompanhar plantações à distância através de um sistema de sensores e de uma plataforma online. A ideia surgiu num trabalho de faculdade e hoje é um dos projetos mais promissores a nível mundial da tecnologia aplicada à agricultura. Chama-se WiseNetworks e é português.
A ideia surgiu quando o grupo de seis engenheiros que desenvolveram o produto ainda eram estudantes na Faculdade de Engenheira da Universidade do Porto. Na altura, aplicaram o sistema à domótica, mas, quando acabaram o curso, repararam que a agricultura era uma área que tirava pouco partido da tecnologia. Havia uma necessidade e eles decidiram responder com a WiseNetworks.
Há um ano atrás começaram a desenvolver o projeto e este mês foram selecionados entre cerca de 1400 start-ups de 63 países para passarem sete meses no Chile, recebendo um investimento de 40 mil dólares do programa Startup Chile. Fomos saber mais sobre a WiseNetworks, numa conversa com Tiago Sá, Sandro Vale e Miguel Rodas, três dos seis elementos da empresa.
A vossa start-up foi selecionada entre centenas para desenvolver o produto no Chile. O que fez sobressair a vossa ideia no meio de tantas outras?
Tiago Sá: O nosso produto consiste num sistema de pontos de medição que ao serem espalhados por uma plantação, seja ela qual for, adquirem informação periodicamente. Essa informação pode ser a temperatura, a radiação solar, a velocidade do vento, etc. Enfim, qualquer sensor que exista pode ser incorporado no nosso sistema, não só meteorológicos, como também sensores de componentes do solo, como por exemplo, o PH ou a condutividade, a humidade do solo – fatores relacionados com o crescimento da planta. Esta informação é recolhida por estes pontos de medição, é trabalhada e depois é imediatamente disponibilizada online. O produtor, onde quer que esteja, desde que tenha acesso à internet, consegue perceber o que se passa na sua quinta naquele momento.
Tiago Sá, Miguel Rodas e Sandro Vale.
Quais são as principais vantagens?
Tiago Sá: As grandes vantagens que isso traz para o produtor é evitar deslocações desnecessárias à quinta. Otimizar recursos. Água, pesticidas e fertilizantes podem ser ajustados consoante às quantidades que são estritamente necessárias, de acordo com as medições. Pode precaver-se contra as mudanças súbitas no clima, por exemplo, vagas de calor ou tempestades que se aproximem, com esta medição precisa e instantânea. Na plataforma, também é possível ligar o sistema de rega.
Sandro Vale: Existe uma comunicação bidirecional, da plantação para a plataforma e da plataforma para a plantação.
Já existem tecnologias semelhantes.O que distingue a vossa?
Tiago Sá: Existem coisas parecidas, mas aquilo que oferecemos neste momento é único. No entanto, o que é novo hoje, amanhã deixa de ser. Por isso, temos que aplicar já o nosso produto e estamos num bom momento para o fazer.
Como surgiu a ideia?
Miguel Rodas: A ideia surgiu na sequência de um projeto académico em grupo numa das disciplinas finais do curso e desenvolvemos um sistema semelhante a este mais aplicado à domótica, ao controlo de casas. O produto resultou, mas era apenas um projeto simples, um trabalho para uma cadeira da faculdade.
Tiago Sá: Aquilo que vimos foi que essa tecnologia tinha potencial para ser aplicada noutras áreas. Daí partimos para uma pesquisa de mercado e percebemos que a agricultura era um mercado interessante, não só porque não incorpora tecnologianenhuma ou quase nenhuma neste momento, mas também porque há esta necessidade clara dos produtores perceberem o que se passa nas suas quintas instantaneamente, onde estiverem.
Acabaram o curso e começaram logo com este projeto?
Sandro Vale: A maior parte da equipa nunca pôs de lado o projeto, alguns elementos foram trabalhar, mas sempre em paralelo com o nosso projeto. Quando tivemos a oportunidade, dois elementos começaram a dedicar-se a full-time e, dentro de pouco tempo, estaremos todos.
Quando o produto vai ser lançado?
Tiago Sá: O produto neste momento ainda está em fase de testes, dentro de portas. Estamos a adaptá-lo para ser possível transpô-lo para o ambiente real, para uma quinta. Já temos contactos com quintas no Douro que se disponibilizaram para receberem os testes. O nosso objetivo é começar com os testes ainda este mês para quando formos para o Chile, no final de novembro, já levarmos o protótipo completamente funcional, testado e pronto para ser vendido.
O sistema vai ser testado em quintas do Douro. Imagem: LUSA
Como é que vai ser feita a implementação do produto numa quinta?
Miguel Rodas: A ideia é tirar aquilo da caixa e pôr no terreno a funcionar. É ser autoconfigurável. A plataforma deverá ser suficientemente intuitiva para não precisar de qualquer tipo de apoio e de instrução prévia.
É um produto dispendioso?
Tiago Sá: É um produto que pretende ser rentável, mas garantimos que o preço de venda vai ser amortizado com as vantagens que o produto trará. O valor final ainda não está definido.
Por que decidiram concorrer ao programa Startup Chile?
Tiago Sá: Achamos interessante pelo investimento, pela possibilidade de ir para outro país num ambiente empresarial entre outras start-ups e pelo país para onde vamos. O Chile é um país em crescimento, principalmente na agricultura, na área das vinhas.
Miguel Rodas: Há países vizinhos que também são importantes, como Brasil, Peru ou Argentina. É uma maneira de internacionalizar a empresa. Mesmo antes de concorrer ao programa, o Chile foi sempre um país que sabíamos que valeria a pena entrar.
O que vão fazer durante estes sete meses?
Tiago Sá: O principal objetivo é conhecer o mercado, saber como funciona, saber o interesse deste mercado no nosso produto. Começar a vender. Conhecer os mercados ali à volta. Perceber as mentalidades e a abertura para este tipo de tecnologia.
Hoje em dia, o que é ter uma start-up em Portugal?
Sandro Vale: Nesta altura, é complicado. A procura de financiamento nem sempre é fácil. Existe sempre a dificuldade de captar o interesse e o investimento. Mas o empreendedorismo em Portugal está a crescer e este apoio da UPTEC cria muitas oportunidades.
Tiago Sá: É uma aventura. Ser empreendedor nesta idade é só obstáculos. Somos novos, não temos credibilidade. Temos que aprender, na faculdade não nos ensinam a vender e a conhecer o mercado. Ser empreendedor é derrubar barreiras todos os dias.
Miguel Rodas: É criarmos o nosso próprio emprego e fazermos tudo. Somos desde CEO até empregado de limpeza.
A equipa da WiseNetworks é muito jovem, todos têm menos de 30 anos.
Quais são os planos futuros para a vossa empresa?
Miguel Rodas: Ter um crescimento sustentável e conquistar o mercado chileno, mas era bom ter uma base sólida em Portugal.
Tiago Sá: Queremos conquistar tecnologicamente a agricultura mundial.
SenseMyCity é o nome de uma aplicação desenvolvida para smartphones, no âmbito do projeto Future Cities, que regista o dia-a-dia dos utilizadores, permitindo avaliar situações que vão desde consumos de combustível aos níveis de stress.
A nova aplicação esteve em destaque da Exame Informática e o texto completo pode ser lido aqui.
A aplicação está em fase de testes
Criada pela equipa liderada por Ana Aguiar, do departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a aplicação fomenta também a partilha de automóvel.
A recolha e análise de dados através do smartphone pode levar a algumas conclusões desde o consumo de combustível por viagem, à identificação de zonas com trânsito mais lento na cidade, ou mesmo quanto aos locais ou situações que aumentam os níveis de stress dos condutores.
A aplicação pode ainda ser usada para análise de dados agrupados de vários utilizadores (crowdsensing), possibilitando a realização de estudos longitudinais de stress profissional que podem por isso ser aplicados a bombeiros, motoristas de autocarro ou polícias. A SenseMyCity está em fase piloto e o próximo projeto de utilização será com agentes da polícia, para análise do bem-estar dos profissionais.
Seja bem-vindo. Se chegou até aqui veio à procura de ideias novas, negócios em ascensão e mentes criativas. Este blog é o lado mais visível da parceria entre o Portal SAPO e o UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto. Fique mais um pouco e sinta-se em casa :)