Está de visita ao Porto e quer tirar o melhor partido da cidade: comer uma francesinha, visitar museus e ir a uma festa. Provavelmente, teria de aceder a vários sites para reunir esta informação, mas agora há uma aplicação que faz este trabalho para o utilizador. Chama-se Taggeo e quer conquistar o mercado internacional.
Pesquisar pontos de interesse e rotas turísticas na Taggeo.
Quando surgiu, há cerca de um ano, a Taggeo era uma rede social centrada em mensagens geolocalizadas, ou seja, quando ligávamos a aplicação em determinado local, era possível ver mensagens deixadas por outros utilizadores naquele mesmo local, ou nas proximidades, e deixar novas mensagens. A empresa, incubada no UPTEC, resolveu agora mudar de conceito e alargar as funcionalidades da app.
“Só precisamos de uma app para saber o que se passa à nossa volta”, afirma Tiago Fernandes, CEO da Taggeo. Ou seja, se antes tínhamos várias aplicações turísticas, cada uma centrada num tema, a Taggeo “vai buscar várias fontes e entrega o conteúdo ao utilizador de uma forma personalizada”, explica Tiago.
Nesta nova versão, lançada na semana passada, é possível encontrar pontos de interesse, eventos ou restaurantes em “qualquer parte do mundo” e pesquisar estas informações sobre “qualquer cidade”, garante o CEO da empresa do Porto.
Como é feito este processo? “Todo o processo é automático. Desenvolvemos um algoritmo que vai buscar os dados e os apresenta” de acordo com a geolocalização, responde Tiago Fernandes, referindo que neste momento querem “proteger” este algoritmo de cópias, não fosse esta uma ferramenta valiosa da empresa.
A aplicação disponibiliza também rotas turísticas, sem esquecer a vertente social. Os utilizadores podem continuar a deixar mensagens ou fotografias dos locais por onde passaram, podem fazer recomendações, gostar ou partilhar os conteúdos de outros utilizadores.
Além de disponibilizar informação de forma automática, a Taggeo permite que outras entidades possam inserir locais ou eventos na aplicação. “Já temos tido uma boa adesão de clientes”, avança Tiago, referindo-se a entidades que querem promover locais, venda de rotas online e publicidade.
14 mil utilizadores
A Taggeo conta já com 14 mil utilizadores, em Portugal e no estrangeiro, um número simpático para uma aplicação que usou o “passa palavra” como marketing. Tailândia, Reino Unido, Brasil, Espanha e Itália são alguns dos países onde já se usa a Taggeo para encontrar o que fazer numa cidade.
Mas com tantas aplicações sobre turismo, ainda há espaço no mercado para mais uma? “Tenho a certeza que sim, até por uma razão simples. Existem imensas aplicações que se centram só num tema, a Taggeo condensa tudo e poupa tempo ao utilizador”, explica Tiago Fernandes, sublinhando que uma das prioridades da empresa é a internacionalização.
A nova versão da Taggeo está disponível neste momento para o sistema operativo IOS. Até ao fim do mês, é lançada a versão Android e no fim do ano, a versão para Windows Phone.
São três da tarde, está no centro do Porto e precisa comprar uma agulha. A tarefa pode ser mais fácil do que imagina, principalmente se conhecer o projeto Porto Paralelo, que pretende reatar os laços entre consumidores e comércio tradicional.
Já se foi o tempo em que o Porto era uma cidade sem centros comerciais, onde as compras eram feitas nas ruas, cada uma com a sua tradição comercial. Mas, apesar da crise e das grandes superfícies, a cidade consegue manter pérolas do comércio tradicional, ainda que muitas lojas estejam hoje em dia voltadas para o turismo.
É o caso da Casa Madureira, aberta desde 1944, especializada em têxteis para o lar, mas que hoje vende 90 por cento dos seus produtos para turistas. O mesmo não acontece com a Neves & Loureiro, loja especializada em equipamento elétrico há 66 anos, e que, além de manter clientes fiéis, faz entregas para vários pontos do país. Os exemplos são muitos e estão a ser compilados num mapa pela equipa do Porto Paralelo.
Tudo começou quando Marta Nestor, habituada desde criança a frequentar as lojas da Baixa, resolveu fazer o projeto final da sua licenciatura em design da comunicação, na Faculdade de Belas-Artes do Porto, sobre o principal problema do comércio tradicional: “a falta de comunicação”.
“Fiz o levantamento de 24 lojas, entre informação útil, história da casa e recolha fotográfica, e compilei tudo num roteiro chamado Porto Paralelo”, explica Marta Nestor. Quando acabou o curso, a designer sentiu que o projeto tinha pernas para andar e decidiu formar uma equipa para que o Porto Paralelo passasse de um projeto universitário para uma start-up.
A face mais visível do Porto Paralelo é, para já, um site onde é possível navegar por um mapa com as várias lojas compiladas pela equipa – neste momento lojas com mais de 50 anos de existência. Em breve, será lançada uma aplicação móvel. Mas o trabalho diário passa pelo contacto constante com os comerciantes, um dos pontos que distingue o Porto Paralelo de outras associações comerciais. “Sabemos que as outras associações, por questões logísticas, não têm capacidade de estarem no terreno diariamente e isso é o que queremos fazer”, conta Marta.
“Queremos aproveitar não só para alavancar o comércio tradicional, não o deixando morrer, mas também conservá-lo para um público que tem vindo mais à cidade, que são os turistas”, resume Marta, salientando que o Porto mantém uma característica que chama muito a atenção dos turistas: “a possibilidade de ter um espaço interessante num número de porta, mas depois ter toda uma rua que justifica esta época e esta história”.
Pensando nos turistas, e não só, o Porto Paralelo vai lançar em breve rotas pelo comércio tradicional e workshops. A partir de 2014, o trabalho de consultoria com lojas e associações comerciais vai ser também uma vertente do projeto que, de resto, já está a ser experienciada na rua de Cedofeita.
Criar um videojogo, autopsiar objetos abandonados ou desenvolver uma animação stop motion. Estas são algumas das propostas da 6ª edição do Future Places, que arranca hoje no Porto.
O evento está a aberto ao público em geral. Foto: Luís Barbosa
O Porto volta a ser, a partir desta segunda-feira e até dia 2 de novembro, o epicentro da reflexão e do desenvolvimento de projetos que tenham como base os novos media. Uma área onde cabe o vídeo, a música, a fotografia, os videojogos e as plataformas digitais. Durante seis dias, o Future Places vai pôr a cidade a pensar no potencial destes meios em termos sociais.
Nesta sexta edição, o certame conta com uma mudança de paradigma. Quer deixar o nome “festival” para passar a ser um laboratório de media contínuo. Isso porque ao longo dos anos – o evento começou em 2008 – o Future Places tem impulsionado novos projetos que não se resumem aos seis dias de festival.
“A transformação em media lab vai de encontro com o nosso objetivo de aplicar os media à cidadania, que não é algo temporário”, explica Heitor Alvelos, um dos comissários do Future Places, dando como exemplo vários projetos que nasceram durante o festival e perduraram no tempo. A Rádio Manobras, o movimento das bandas do centro comercial Stop, o Portugal Portefólio, o Museu do Resgate, entre outros.
Seis dias à volta dos novos media
Este “media lab” vai ter como montra seis dias de laboratórios, concertos, debates, workshops, instalações e performances, que começam a partir de hoje. Amanhã, os participantes vão ficar a conhecer todas as atividades do festival, às 11h, na sessão "Join Citizen Labs!". Mas já há algumas que fazem parte da programação.
Na terça-feira, decorre o workshop “Games to the people”, orientado por Pedro Cardoso. A oficina vai permitir a pessoas sem qualquer formação ou experiência na área aprenderem a criar um videojogo, através da apresentação de uma ferramenta, o Blender, utilizada na criação de jogos de vídeo.
No mesmo dia, decorre a primeira sessão do laboratório “Silent Objects”, projeto de Pedro Almeida, que propõe um percurso por espaços abandonados da cidade e a recolha de certos objetos, sujeitos a uma “análise forense”. A ideia é “olhar para estes objetos, para as suas histórias, funções no tempo, relação que estabelecem com as pessoas e com a sociedade de forma não convencional”, explica o investigador.
Na quarta-feira, decorre o laboratório de Rita Sá “Action Figures Stop Motion”, que vai partir de figuras impressas e de peças modulares para desenvolver em conjunto uma animação stop motion.
Até sábado, há ainda performances, simpósios, concertos e debates, um deles sobre o futuro do cinema (no dia 31). O compositor minimalista britânico Andrew Poppy e as cineastas Debbie Anzalone e Nancy Schiesari vão estar presentes nesta edição do certame. O programa completo pode ser consultado no site do Future Places.
Todas as atividades são gratuitas e decorrem em vários espaços da cidade: Reitoria da Universidade do Porto, Polo das Indústrias Criativas do UPTEC, Alfândega do Porto, Associação Sonoscopia, Cinema Passos Manuel, ICBAS e Maus Hábitos. O Future Places faz parte de uma iniciativa da Universidade do Porto e do UPTEC no âmbito do programa UTAustin-Portugal.
Seja bem-vindo. Se chegou até aqui veio à procura de ideias novas, negócios em ascensão e mentes criativas. Este blog é o lado mais visível da parceria entre o Portal SAPO e o UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto. Fique mais um pouco e sinta-se em casa :)